Sabe aquela história de que uma mentira dita e repetida
várias vezes torna-se uma verdade? Pois é. Acordei nesta madrugada há pouco e,
não é que não esteja cansada ou precisando dormir, mas acho que foi essa idéia
que me acordou e não quer me deixar voltar para os sonhos enquanto não
permiti-la ser registrada.
Sou uma pessoa bem falante, quem me conhece sabe. E acho que
também um pouco articulada, especialmente no que diz respeito às tentativas de
auto-explicação. Esforço-me continuamente para ler, reler em voz alta, editar e
reeditar o meu próprio manual de instruções. Não sei se pelo longo processo de psicanálise
ou porque não poderia conviver comigo se não fizesse um empenho
sobre-humano para racionalizar o mais que posso meus rompantes. Ou, o que é
provável, pelas duas coisas.
Todavia, nesse processo acho que às vezes sobra um certo
descuido. Tenho receio de que nem sempre esse manual seja confiável. Pode ser
que lá pela página 31, tantas vezes reescrita, haja uma ou outra mentirinha
disfarçada.
O que quero dizer é: eu, e talvez você, deveria estar atenta
com o que tantas vezes repito para mim mesma, como uma verdade absoluta, ou
como uma justificativa altamente compreensível para determinada atitude. Se
preciso dizê-lo tantas vezes, para mim e para os outros, talvez eu esteja é
gritando bem alto na tentativa de me fazer crer em determinadas coisas que não são
assim tão reais ou essenciais, enquanto
a verdade é sussurrada em algum ponto, tranquila mas firmemente.
Talvez seja o embuste que minha própria mente arma para não
me frustrar; descobrir-se pego na mentira para si próprio deve chatear até o indivíduo
mais auto-confiante. Que nome se dá à infidelidade dessa ordem?
Por isso, é bom pensar bem
- pensar nem sempre resolve, talvez permitir-se “sentir bem “- naquelas
pequenas coisas que repetimos, incansável e diariamente, para nós e para os outros. Pode ser o caso de
uma mentirinha tentando passar vestida de verdade pela porta da frente da
consciência.
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