Refletindo sobre os primeiros escritos no blog, vi como tudo
parece excessivamente “politicamente correto”. O que escrevi até agora são
coisas em que realmente acredito, sim, mas mostrar em um espaço público e
hostil como é a internet nossa face menos sociável não é algo muito aprazível.
Motivo pelo qual por aqui só entram mensagens mais sutis.
Assim também é na vida. Optamos pelas máscaras mais
aceitáveis publicamente e aos poucos vamos nos desfazendo, pelo menos na vida
social, dos nossos gostos bizarros, dos nossos pensamentos estranhos, de tudo
aquilo que julgamos que não será bem visto pelo olhar do outro. Isso é
necessário para uma convivência razoável, afinal se todos resolvêssemos mostrar
as garras e presas seria impossível
constituir uma sociedade.
Mas para onde vão essas coisas? Em que morada vão parar os
sonhos, pensamentos, gostos e desejos excêntricos, bizarros, não aceitos
socialmente? Os meus, pelo menos, aparecem às vezes em sonhos, raras vezes como
pensamentos conscientes, algumas outras em atos falhos no espaço da terapia.
Mas não vamos nos iludir: ainda que adormecido ou abafado,
tudo isso que nos parece estranho, mas mora em nós, de alguma forma influencia
nossas atitudes e a maneira de ser e agir. Antes aprender a lidar com o ser estranho que
nos habita (no espaço que julgarmos adequado – para alguns, a terapia) do que
tentar ocultá-lo sob camadas e revestimentos mil e em um momento inesperado,
vê-lo aflorar pela superfície de forma desastrosa.
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